Momento de Reflexão/2016 - nº 26
Setor de Psicologia – Org. Noemi Frazão
DPAC - Distúrbio do Processamento Auditivo Central, segundo a fonoaudióloga Erica Sitta, é a dificuldade em processar e interpretar os sons do meio, onde o sistema auditivo periférico (Tímpano, Cóclea, Nervo Auditivo) encontra-se preservado, estando essa dificuldade ligada às áreas centrais do cérebro relacionadas às habilidades auditivas. É o típico indivíduo capaz de ouvir perfeitamente a fala humana, mas que apresenta dificuldades em processar e interpretar a mensagem recebida. Como o nome já diz, é um distúrbio da percepção auditiva. É a decodificação das informações sonoras que chegam à orelha externa e caminham até o córtex cerebral, sendo a falha que acontece nesse processo, ou seja, o ouvido recebe as ondas sonoras, mas o cérebro não faz nada com elas.
O distúrbio foi diagnosticado há poucos anos, pois seu reconhecimento aconteceu somente em 1996, pela Associação Americana da Fala, Linguagem e Audição (ASHA, sigla em inglês).
Na maioria dos casos, é genético. A falha é hereditária, por isso, tanto pais como filhos costumam tê-la. Além disso, alergias respiratórias frequentes, até os três primeiros anos de vida da criança e a falta de experiências auditivas na infância, também podem ocasionar o distúrbio.
E quais são os Sinais e Sintomas mais comuns nesses pacientes?
Parece não ouvir muito bem
Distração e desatenção
Demora em escutar ou entender quando chamada sua atenção
Parece ter problemas de memória
Tem fala diferente de outras crianças da mesma idade
Apresenta dificuldades para ler e escrever
Dificuldades para entender ou ouvir em ambientes ruidosos
Não consegue manter a atenção com pessoas falando ao mesmo tempo
Dificuldade em entender informações abstratas
Dificuldade em localizar o som
Dificuldade para contar uma história ou transmitir um recado
Dificuldade em seguir uma sequência de tarefas que lhe foi falada
Crianças com DPAC costumam apresentar atraso de fala, mas os processos auditivos envolvidos nesse distúrbio dificultam todo o processo de aprendizagem. Quando não há capacidade em focar a atenção em ambientes ruidosos, levando em consideração que uma sala de aula não é um ambiente silencioso, o aluno perderá grande parte das informações e conceitos apresentados durante a aula. As atividades em grupo também se tornam difíceis e existem chances dele se isolar por não conseguir acompanhar as ideias e tarefas sugeridas.
Essa desordem muitas vezes acaba sendo erroneamente confundida com algum tipo de deficiência mental ou a simples falta de inteligência. Até porque, geralmente o DPAC anda junto com outros problemas, como distúrbio de atenção e hiperatividade, complicando o diagnóstico.
Quem possui DPAC vive numa confusão de sons. Atividades simples tornam-se muito complicadas em decorrência da dificuldade de prestar atenção e entender apenas os sons do que realmente interessa. Dentro de uma sala de aula, por exemplo, o barulho do ventilador pode acabar se sobrepondo ao da voz da professora.
Como consequência, surge o isolamento social, pois é muito complicado entender o que as pessoas falam, não só pelos barulhos externos, mas também pela dificuldade de entender a entonação das frases. Uma pergunta pode ser entendida como uma afirmação e uma piada como algo muito sério. O cérebro se cansa facilmente de se esforçar tanto para compreender o mundo ao redor e acaba desligando.
Segundo o texto produzido por Daniela Borges “é preciso entender que não há comprometimento intelectual e que a criança não controla suas dificuldades”. Então, o que podemos fazer é um diagnóstico de qualidade que nos informe quais habilidades auditivas estão comprometidas. A partir daí, desenvolver um trabalho fonoterapêutico focado na estimulação dessas habilidades e um trabalho de orientação aos educadores, fornecendo meios facilitadores para a aprendizagem desse indivíduo.
Vale lembrar que tratamento do DPAC começa dentro de casa, ao diminuir os ruídos, possibilitando maior concentração da criança em suas atividades. A escola também tem o seu papel a desempenhar. A sala de aula também faz parte do seu dia-a-dia, portanto, precisa ser silenciosa para evitar a distração por sons externos. Além disso, o(a) professor(a) pode utilizar de formas de comunicação imagéticas para facilitar a compreensão da aula.
Também é importante realizar exercícios de linguagem para trabalhar a capacidade que a criança tem de aprender novas palavras e fazer terapia fonoaudiológica, que consiste no aprimoramento da memória auditiva. Fora isso, existe o cuidado ao conversar com a criança, olhando em seus olhos, falando pausadamente e utilizando gestos. Ajuda pedir para ela repetir o que acabou de ouvir, para perceber se ela está compreendendo. Além disso, deve-se criar uma rotina de estudos diária para que a sua educação não seja prejudicada pelo DPAC.
Fontes: http://kidshealth.org/parent/medical/ears/central_auditory.html
http://www.asha.org/public/hearing/Understanding-Auditory-Processing-Disorders-in-Children/
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